É meu. É meu meu meu. Mordo-o quando me apetece. A sério que sim. Nas bochechas, no pescoço, nas lindas roscas dos pulsos. É meu e ninguém tem nada com isso. Se ando com ele ao colo? Claro. Não o incomodo a perguntar se sabe caminhar, diz-me a experiência científica, feita de observação, que por mais que eu insista ele não se vai levantar. Mordo-o quanto baste, dou-lhe colo sempre que pede ou a mim me faz falta, sendo poucos os minutos que sobram desta equação. O mais novo tem três meses a irmã vai fazer quatro anos. Aplico as mesmas regras com pouca distinção, só mesmo o colo é que, por questões físicas, não suporto por tanto tempo. Mas até me esforço bastante.
Serão mimados todos os dias, cada dia mais, com carinho e atenção (que em dias de maior cansaço falta, e depois é preciso acumular para ressarcir as crianças dos cuidados indevidamente perdidos, porque um filho não se contenta com alguma atenção, quer toda e é devida).
E brincar. Num mundo perfeito eu não voltava a trabalhar para poder passar os dias em brincadeiras com eles. Provavelmente ficava cansado ao fim de algumas horas, e a clamar por algum tempo de trabalho. Mas essa experiência é necessária, porque todos os dias pais e mães tem a experiência oposta: vinte e quatro horas de trabalhos e uma noite de sono, se a matemática o permitisse, para sonhar com horas de brincadeira com os filhos (a matemática e a razão nada querem com as relações de amor, e só isso explica como conseguem alguns pais fazer tanto com tão pouco).
É urgente amar, acarinhar e mimar. Precisamos de crianças livres, amadas e mimadas, muito mimadas. Eu quero que os meus filhos sejam mimados, porque é que a palavra adquiriu uma conotação negativa? Precisamos de adultos mimados e amados, chega de macambúzios de semblante carregado de sinais de indiferença. O meu filho não precisa de aprender a chorar, precisa de saber que quando ele precisar, e seja qual for a razão, eu estarei lá para o pegar ao colo, tenha ele três meses ou trinta anos.
Charles Manson, Jack the Ripper, Adolf Hitler, Josef Stalin, Lucky Luciano, Jesse James, Timothy McVeigh ou Aníbal Cavaco Silva, já li biografias de todos e em nenhuma consta uma frase sobre o excesso de mimo e carinho recebidos na infância.
Texto para e site https://sweetcaos.com